Sete planetas num arco de 60 graus, do início de Peixes a Touro, a Lua atravessou o stellium de 29/04 a 02/05 e quatro eventos ocorreram: casamento real em Londres, atentado contra Gaddafi, beatificação de João Paulo II e execução de Bin Laden. Nenhum deles modifica qualquer tendência importante, mas iluminam certos aspectos que convém salientar.
"Um momento do céu no dia 1º de maio de 2011"
Depois de prometerem mundos e fundos aos árabes na Primeira Guerra, os governos – francês e inglês – deram alguma coisa e dividiram o espólio do Império Otomano. A resistência começou em Ismalia (Egito), em março de 1928, com a fundação da Irmandade Mulçumana: Júpiter e Urano estavam em Áries, Saturno em Sagitário e Netuno em Leão. Depois da Segunda
Guerra, os EUA começaram suas desastradas intervenções e o movimento de resistência tomou outro rumo, agora secular e conduzida pelo exército no Egito a partir de 1952, origem do pan-arabismo. Em 1979 dois eventos importantes: revolução no Irã e invasão soviética no Afeganistão.
Bin Laden e a Al-Qaeda são frutos da luta pela libertação com apoio dos EUA. A partir da guerra do Golfo começa o terrorismo político, outra das maravilhas ocidentais, usado pelos anarquistas de 1880 a 1914. Além de criminoso o terrorismo político é ineficaz, o atentado de 11 de setembro só conseguiu produzir centenas de milhares de mortos afegãos e iraquianos, além de paralisar o movimento de mobilização contra a globalização, o que está na raiz da inércia popular na atualidade. No tempo de Stalin, Bin Laden seria rotulado como agente provocador.
Finalmente, com o retorno de Júpiter e Urano a Áries, a resistência agora é popular e democrática, o jihadismo já estava morto por lá, embora ativo em pequenos grupos ao redor do mundo.
Em 11/09,
Júpiter e Mercúrio estavam em quadratura no céu, agora Júpiter no céu estava em quadratura com Mercúrio da carta natal americana, o que significa que estamos às voltas com mentiras, mentirinhas e mentironas. As versões do governo mudaram diariamente e a desconfiança é generalizada. A execução foi festejada com júbilo e a vingança realizada, de fato Hollywood é hoje o centro intelectual do país desde Reagan, ator de segunda linha. A descoberta do mensageiro de Bin Laden ocorreu em Guantánamo sob tortura, a soberania do Paquistão foi para o espaço, que importa? Estão em guerra. Para Obama foi um belo presente, ganhando algum fôlego depois dos ataques de Donald Trump, magnata fanfarrão; pena que vai durar pouco, pois logo o amargor da economia estará batendo em sua porta, e a temporada de tornados arruinou os pobres do Centro-Sul.
Para completar o cenário, Bin Laden foi chamado de Gerônimo durante a operação, é o nome do líder índio que comandou a
resistência durante o genocídio na conquista do Oeste. Alguém venderá a fotografia do jihadista morto e alguém já deve estar escrevendo o roteiro do filme. Panetta, diretor da CIA, vai para o Pentágono enxugar o orçamento, enquanto o Gal. Patreus vai para a CIA para melhorar o desempenho dos assassinos do governo. Os próximos anos prometem muitas reviravoltas no país, Urano e Plutão estão tensos com o Júpiter natal, logo mais estarão tensos com o Sol da carta natal e depois Plutão completará seu primeiro retorno.
O governo paquistanês ficou muito mal na história, tudo indica que Bin Laden era seu hóspede. Alguns analistas pensam que o próprio governo entregou o jihadista, o que será negado veementemente dado o sentimento antiamericano reinante. Negando esta versão o governo admite sua vulnerabilidade para defender o território, o que desencadeou uma avalanche de críticas na mídia. Desde 1980, o governo paquistanês recebe apoio financeiro americano, o que ele faz com este dinheiro é assunto para videntes. Fato incontestável é que setores do exército e ISI protegem militantes talibãs e outros grupos, o combate ao terrorismo é lorota, o que torna a situação no Afeganistão cada vez mais complicada.
Se nos fiarmos no histórico de trapalhadas americanas é de prever que no futuro os governos destes países estejam em profunda afinidade com os chineses, vizinhos e com dinheiro para investir. Depois dos festejos veio a má consciência, alertas
mundiais contra retaliações. Os grupos terroristas islâmicos não têm capacidade para outro atentado da envergadura do 11/09, mas podem bem causar estragos. É de lembrar que, com a entrada de Netuno em Peixes, atentados químicos e biológicos podem causar um estrago grande. Pode sobrar também para a Índia, pois Marte está muito aflito e é regente do
setor 12.
LEVANTES ÁRABES
Como a exclusão aérea não foi suficiente para desempatar o jogo na Líbia, a OTAN ousou dar um passo além e atentou contra a vida de Gaddafi, matando um filho e netos do ditador. No embalo da execução de Bin Laden outras tentativas virão, porque a batalha em terra continua sem solução e a tentação de pôr as mãos no petróleo é muita. Ninguém se incomoda muito se o Assad ordena disparos em massa na Síria, ruim com ele pior sem; parece pensar “a comunidade internacional” a começar por Israel.
No Egito trabalhadores fazem greve, o turismo não voltou ainda e Moussa desponta como preferido na corrida eleitoral, ele foi ministro de Mubarak e secretário-geral da Liga Árabe, bela renovação. Na Tunísia novo toque de recolher diante das manifestações de desagrado pelo rumo da revolução. Fatah e Hamas chegaram a um acordo para unificação e luta pelo Estado palestino e o governo israelense cortou imediatamente a transferência de tributos para Ramallah. No Irã um racha na cúpula do governo, Ahmadinejad e Khamanei se desentendem sobre demissão de ministro e brigam pelo vínculo com a Guarda Revolucionária, o que pode estimular manifestações populares. Urano se aproxima da Lua natal da carta do país. A saída para isto tudo é diplomacia, democracia, projetos econômicos e tolerância, é para aproveitar enquanto Saturno está em Libra, depois vai ficar mais difícil.
BEATIFICAÇÃO
O pontificado de João Paulo II acelerou o ritmo das canonizações, combateu o ateísmo comunista, a expansão da Teologia da Libertação e os abusos do último Concílio. Foi uma contraofensiva ao esvaziamento da Igreja Católica, à falta de sacerdotes e às denúncias de pedofilia. A bravura do homem, contra os nazistas e soviéticos, é incontestável, bem como sua exposição pessoal a todos os perigos e sua intensa fé. Mas tudo isto deixou intocada a devastação do sacerdócio; o ateísmo comunista
era só o começo do problema, pois a secularização no Ocidente prossegue; o fim da Teologia da Libertação trouxe uma avalanche de igrejas evangélicas na América Latina.
Enfim, o papa pode ter sido um santo, mas foi um político capenga. O atual estado de coisas é deplorável e o definhamento da Igreja é uma lástima. Mais que nunca precisamos de alimento e atividade espiritual! Muitos americanos leem a Bíblia e recitam passagens dos Evangelhos, aqui vai uma: os últimos serão os primeiros. Isto é tomado geralmente numa dimensão ética, bem real decerto, mas como tudo que Jesus disse esta tem vários significados, e um deles é um princípio cosmológico e histórico: a sequência da destruição é inversa à da criação, os últimos (a chegar) serão os primeiros a sair de cena.
MONARQUIA INGLESA
Em Londres encenaram novamente o conto da Cinderela, apesar do último terminar tão mal. Os ingleses fizeram sua Revolução 140 anos antes dos franceses, mandando para a forca o reizinho Carlos, histrião e teimoso. Durante 12 anos foram dirigidos pelo Parlamento sob a liderança de Cromwell, o lorde Protetor, que lançou as bases do domínio marítimo inglês. Mas a aristocracia era rica e poderosa e meia dúzia de seitas, heréticas e milenaristas, fazia propostas escandalosas como extinguir
médicos e advogados do mundo de Deus (ver “O mundo de ponta-cabeça” de Christopher Hill).
E assim restauraram a monarquia com Carlos II, filho do pobre enforcado, que quis reerguer o Antigo Regime e indicar o sucessor. As forças liberais e iluministas não permitiram e trouxeram Guilherme de Orange, da Holanda, para ser rei em 1688, a revolução Gloriosa. No ano seguinte o rei promulgou a Carta dos direitos e a Inglaterra se tornou o primeiro Estado-nação da história humana: o povo como entidade política, liberdade de expressão e publicação, unificação de forças
armadas, leis, moeda e língua. O mapa deste evento:
Mapa da Inglaterra na Monarquia Londres, 23/02/1689, 11h46
O mapa capta as principais características do país: poderio marítimo refletido pelo Ascendente Câncer e MC e stellium em Peixes, importância do Parlamento pela presença da Lua e Vênus no setor XI, força e riqueza da aristocracia com Júpiter no setor IX, expansão colonial com Marte exaltado em Capricórnio no setor VII, o que criou a base para a expansão econômica: uma crescente burguesia comercial e depois industrial, melhoria geral do padrão de vida, com alimentos baratos das colônias e mercados cativos para exportação.
Netuno completou seu primeiro retorno nos anos 1850 quando a Inglaterra era um grande império e a primeira potência econômica. E então se acomodou. No final do século XIX a Alemanha e EUA já ultrapassavam a produção industrial inglesa, que a partir daí se concentrou em créditos, finanças e serviços. As duas guerras mundiais representaram um esforço enorme e em 1945 o império cambaleava, desintegrando-se depois. A monarquia foi um pilar de estabilidade durante todo o ciclo de crescimento, mas a partir da morte da rainha Vitória, no início do século XX, virou objeto dos perversos tablóides ingleses.
Sua supressão não alteraria absolutamente nada no panorama político da ilha, sua existência foi sustentada por uma aristocracia (tories) que soube diversificar seu patrimônio, absorver seletivamente novos-ricos, utilizar instituições escolares para treinar seus filhos, monopolizar partes do serviço público (relações exteriores e forças armadas), conservar a estatização da Igreja Anglicana e lidar com a ascensão dos trabalhadores.
É realmente imprevisto e notável que um pequeno povo insular alcançasse tamanho poder. Desde o século XVI vemos estímulo à experimentação e elogios ao saber dos artesãos (Francis Bacon), até mesmo um mago como John Dee se dispôs a
ensinar geometria e trigonometria aos marinheiros. Hobbes e Locke foram fundamentais para o iluminismo, o empirismo foi praticado metodicamente, instituições científicas patrocinadas por iniciativas privadas, e a história natural (biologia, geologia, palenteologia e arqueologia) teve grande impulso. Foram pioneiros na moderna teoria econômica liberal, mas não se destacaram muito em outros setores de humanidades. Nas artes, o teatro e o romance estiveram em evidência e mais recentemente a música pop. Em todos os conflitos atuais há uma impressão digital inglesa, o israelo-palestino é o mais estridente, a fundação da Irmandade Mulçumana tinha como um dos objetivos a luta contra a presença inglesa no Egito. A
drogadição em massa também é uma herança inglesa, a primeira plantação de papoulas na Índia para pagar o chá chinês, a introdução do ópio na Europa, a industrialização do tabaco e da cerveja.
No declínio foi sucedida por uma colônia, perpetuando e ampliando as características originais. Agora, Netuno completará seu segundo retorno e encontra um país que participa da União Europeia, mas não da eurozona; que se alia amplamente com o governo dos EUA mesmo contra os europeus, e que vive uma crise econômica e fiscal que ameaça a estabilidade mundial pelo
enorme peso de seu sistema financeiro. Não há nada no horizonte que reverta o declínio. Não tem importância, os ingleses deixaram uma bela herança no imaginário ocidental: Frankenstein, Drácula, Jack o estripador, Sherlock Holmes, Beatles e Rolling Stones, o futebol e acima de tudo a fleuma quando tudo está desmoronando.
RESUMO
Netuno deu um toque grandioso às cerimônias de casamento e beatificação, Urano brilhou no ataque aéreo fulminante e rápido a Bin Laden. A conjunção Mercúrio/Vênus em oposição a Saturno esteve presente na tentativa de morte a Gaddafi e nas versões desencontradas sobre a execução de Bin Laden (pisciano). A conjunção Marte/Júpiter deu um toque cinematográfico e emocional aos quatro eventos. Provocar entusiasmo e indignação, esperança, medo e ira; risos e lágrimas (bastão ou spray) em suaves prestações é o papel atual da indústria do entretenimento, jornalismo incluso. O assunto é tão vasto e tão vital que fica para uma próxima crônica.
E NO BRASIL
A oposição se esfarela, o governo despacha líderes sindicais para acabar com greves em acampamentos selvagens e improvisados. Nada disto é bom, pois qualquer governo faz besteira e uma oposição viva e atuante é necessária, e na ausência dela a imprensa cai na histeria ou no colaboracionismo. O câmbio não se recupera apesar de todas as custosas intervenções e a inflação bateu na meta, enquanto o governo torce pela queda dos preços das matérias-primas e o fim do QE-2 americano que inunda o mundo de dólares.
Júpiter entrou no setor 3 da carta natal do País, hora de cuidar dos transportes, isto é, das malhas viárias estranguladas. Chegou uma boa notícia para o setor: os alemães entrarão em campo com dinheiro, eficiência e máquinas. Outra boa notícia chega do Nordeste: a construção da ferrovia ligando Piauí a Recife e Fortaleza dinamizou a estagnada economia de muitas cidades no semi-árido. Já as áreas litorâneas sofrem com novas enchentes, como no ano passado. O Congresso começa a discutir a divisão do Pará que pode ser proveitosa, mas corre o risco de só fazer crescer a burocracia. O novo Código Florestal vai à votação com as bênçãos da Bunge, Cargill e outras, além de agricultores mecanizados. Mineração e agricultura começam a escalar no Maranhão e no Piauí, já não era sem tempo, aquela brava gente merece.
A pneumonia de dona Dilma seria nota de rodapé não fosse a doença séria que ela enfrentou recentemente. Os preços dos combustíveis, metais, cereais e carnes subiram muito nos últimos meses, gerando infindáveis discussões: demanda aquecida, oferta restrita por guerras ou desordens climáticas, especulação de fundos de investimento. A recente queda abrupta dos preços não deixa muita dúvida, pois oferta e demanda não tiveram nenhuma variação significativa agora. As multinacionais do setor ganharam muito dinheiro com a escalada, os fundos que liquidaram suas posições no final de abril também.
Os gregos já tratam de renegociar os termos e prazos de seu ajuste fiscal, a contragosto os europeus concordam pensando nas turbulências que seus bancos poderiam sofrer com um calote. Os irlandeses e portugueses já se assanham para obter
melhores condições. Com Júpiter entrando em Touro, no mês que vem, veremos belas disputas por matérias-primas, os chineses começam a denunciar o monopólio do comércio de cereais por 10 grandes empresas, é briga de cachorro grande. Eles estão investindo pesado em agricultura na África e América do Sul para se livrarem da intermediação das grandes
irmãs, enquanto isso pilotam, com cuidado, a transição para uma economia de consumo doméstico.
Daqui a pouco veremos o início do ciclo de quadraturas Urano/Plutão, da última vez (1931/32) a depressão se aprofundou, governos republicanos deram lugar a ditaduras e totalitarismos em várias partes do mundo, as bases da Segunda Guerra
estavam em formação. As analogias precisam ser tomadas com extremo cuidado: isto não vai se repetir, oitenta anos depois seria imensamente destrutivo. É certo que a economia ainda patina e está sujeita a grandes desarranjos, os governos autoritários estão firmes e lutam para sobreviver e os relativamente democráticos restringem direitos civis.
vejam os mapas astráis e imagens aqui:
fonte: http://www.clubedotaro.com.br/site/forum/topico.asp?topico=93