Oie
Eu escrevi ele a séculos atrás e é apenas um capítulo. Então quem quiser poder comentar no mesmo tópico. Aliás comenteem!
Ah... aceito uma capa para ele.
Os Quatro Elementos
O pôr do sol é um espetáculo incrível. Começa lentamente, momentos após o sol encontrar-se no topo da abobada celeste, começa então, uma sutil descida e de repente... é o fim da tarde. Ele se embeleza com suas cores mais vibrantes, esconde-se atrás de uma montanha e se despede da Terra com últimos e cálidos raios e por fim... Desaparece.
O céu fica entregue as estrelas e a Lua. As pessoas entregam suas almas aos sonhos e seus corpos, a um chamado, sono reparador. As estrelas também estão dormindo longínquas e passadas, a Lua, porém nunca dorme, sempre está lá em qualquer uma de suas fases irradiando seu olhar prateado. Normalmente, as janelas estão fechadas e são poucos os que têm o prazer de serem banhados por tal olhar. Estes são chamados de poetas, loucos ou amantes e sem dúvida estão mais próximos dos Deuses do que qualquer um.
Na casa de Usagi Tsukino a janela sempre está aberta, e os raios lunares entram sem convite, saudosos de sua princesa, lembrando-a nos sonhos que ela faz parte deles e que um dia voltará. Nesse dia a luz da lua estava mais fraca, apesar de enorme, ela estava opaca, cada raio estava concentrado em uma única tarefa. Juntar energia suficiente para que um único raio de luz, entrasse com força para trazer uma visita, para aquela que foi a Princesa do saudoso Milênio de Prata.
A luz chegou minutos antes da meia noite, entrou sutilmente como quem não quer nada, parou em frente à cama e cresceu, cresceu e brilhou intensamente até o brilho extinguir-se e aparecer à figura etérea da Rainha da Lua. A bela mulher de cabelos prateados em forma de odangos parou em frente à filha, os olhos azuis não puderem conter as lágrimas que insistiam em cair, mas que jamais voltariam a tocar o solo porque elas não mais pertenciam ao mundo e sim aos céus. Ainda assim, a Rainha Serenty não pode deixar de chorar, por não poder dar um beijo em sua filha, nunca mais poderia, mais ainda podia e devia protegê-la. Enxugando as lágrimas, aproximou-se da gata negra da lua que dormia aos pés da princesa. Com um sussurro chamou-a:
_ Lunna!
A gata ronronou e virou-se para o outro lado voltando a dormir. A Rainha fez um gesto impaciente e repetiu o chamado que agora era uma ordem.
_ Lunna, acorde! Preciso de você.
O tom soberano tinha um quê de angustia que fez a gata abrir os olhos lentamente, imaginando qual era o problema com Usagi. Vendo sua rainha parada a sua frente, a gata não pode evitar um miado agudo, que quase fez com que a princesa acordasse.
_ Majestade!
_ Quieta Lunna! Não pode acordar a princesa. Não adiantaria nada. Venha comigo!
_ Sim, majestade.
A Rainha saiu flutuando pela janela e a gata acompanhou-a saltando pela janela. A Rainha continuou flutuando para longe da casa da filha e a gata seguiu-a com visível dificuldade. Em frente a um parque a rainha parou. Lunna com custo podia manter-se em pé e aproveitou para sentar-se um pouco. Vendo o gesto da gata a Rainha Serenity disse:
_ Não há tempo para isso Lunna! Levante-se, por favor, eu preciso de você.
_ Sim, majestade, mas o quê está acontecendo?
_ Os elementos, eles estão voltando.
_ Miau! Mas não estamos preparados majestade.
_ Eu sei Lunna! Sua chegada é inevitável.
_ Usagi. Talvez ela possa... o cristal de prata...
_ Não Lunna, o cristal não passa uma ponta de vidro comparada a eles. Ela não pode fazer nada, as outras guerreiras também não. Só existe uma coisa a se fazer Lunna!
Os olhos roxos da gata abriram-se em espanto, aquela era a parte mais secreta e assustadora da lenda. Com um miado fino disse:
_ É proibido Majestade!
_ O Milênio de Prata morreu Lunna, suas leis morreram com ele. Farei o quê precisa ser feito.
_ Existe outra maneira majestade! – disse Lunna.
_ Elas não poderiam, não estão preparadas. Na época do milênio já não estavam imagine agora.
_ Esse mundo é diferente majestade, as pessoas aprendem mais depressa. A dor é maior e o crescimento também e o tempo pode ser suficiente. Por favor majestade, deixe-me tentar.
_ Não está certo Lunna. Não posso sacrificá-las.
_ Mas se virar contra os elementos é um pecado muito grave majestade. Estaria desgraçando a si e a todos os seus descendentes, não deixe que isso ocorra com a princesa. Ela se tornaria um monstro como todos aqueles que ela tem enfrentado em todos esses anos. Por favor, majestade!
_ Sim Lunna. Mas se não conseguirem... é o quê farei.
_ Elas vão conseguir majestade. Eu sei que vão.
A gata saiu correndo deixando sua soberana para trás. Corria como nunca antes, não se importava mais com o cansaço, o desgaste físico, seu corpo deixara de existir e só a mente dominava. Nesse momento era mais etérea do que a mulher que deixara para trás.
As mansões têm uma particularidade estranha, apesar de serem construídas seguindo o padrão mais estético do que útil, quase sempre costumam ser tão assustadoras e deprimentes quanto belas. Uma fachada exuberante seja colonial ou clássica rodeada de verde, uma piscina um lago e jardins planejados, dentro delas vários aposentos, bibliotecas, uma infinidade quartos e salas onde ninguém ira ficar, isso amedronta e algumas vezes seus donos acham que estão em nada e olhando para o nada. Era exatamente essa a sensação que Setsuna sentia nas muitas madrugadas que passava acordada caminhando pela mansão vazia, o silêncio era completo fora e dentro da casa e ela estava entregue a seus pensamentos, e fora dos portões do tempo eles eram assustadores. Tantas lembranças, previsões tudo tão minuciosamente esquematizado e com regras tão rígidas que apesar de conhecer ela jamais poderia intervir. Ah, realmente precisava voltar a Plutão, não gostava de tanta luz preferia aquela escuridão e o silêncio, lá as vozes não machucavam, saber não era tão importante. Não via a hora do treinamento de Hotaru acabar e poder voltar para casa. Por enquanto, só podia ficar lá olhando para janela. Esperando.
_ Só vai demorar mais um pouco. Eu sei!
_ Falando sozinha Pluto!
Setsuna sentiu um forte arrepio e voltou-se para ver a figura sorridente de Tomoe Hotaru a sua frente.
_ Você me assustou Hotaru-cham.
_ Desculpe, mas você não se assustava tanto assim antigamente.
_ Estou cansada.
_ Claro você não dorme. É meio difícil estar descansada.
_ Tem falado muito com a Rei ultimamente, Hotaru.
_ Desculpe, mas não se preocupe tanto comigo Setsuna. Descanse. Você está cansada assim porque tem me treinado exaustivamente durante todos esses meses desde o fim da batalha.
Setsuna sorriu e voltou-se para Hotaru:
_ Você também tem treinado duro e não está tão cansada.
_ Claro eu normalmente durmo a noite e vou para a cidade me divertir com as outras de vez enquanto, mas você só fica aqui nessa mansão sombria.
_ Onde está querendo chegar Hotaru?
_ Estou querendo convidá-la para ir ao cinema, amanhã conosco.
_ Não posso Hotaru, tenho muitas coisas a fazer.
_ A única coisa que tem que fazer é me treinar, e vai ser difícil se eu não estiver aqui. Vamos Setsuna! Você nunca sai dessa casa.
_ Tudo bem. – disse sorrindo. – Mas, por quê não está dormindo? Podia ter me convidado de manhã.
_ Não sei, senti uma coisa estranha e não consegui mais dormir.
_ Quando?
_ Há uns dez minutos. Não sei exatamente o quê é Setsuna, só algo diferente talvez uma nova estrela, não sei ao certo.
_ Quando tiver terminado seu treinamento você saberá perfeitamente de todas as forças místicas no universo, percebe o quanto isso é importante.
_ Sim, mas viver também é importante Setsuna e ninguém sabe melhor disso do que eu.
A guerreira do tempo sorriu e perguntou:
_ Quanto tempo acha que vai levar para amanhecer?
_ Ora e você vem perguntar isso para mim? – disse Hotaru rindo. – Venha vamos dormir!
Patas correndo pelos campos, batendo no solo e voltando a saltar e correr sem se preocupar se conseguiriam correr novamente. O som aproximando-se lentamente como em um transe e fisicamente rápida e real como o sangue que se misturava ao suor. As forças foram suficiente para chegar, mas não para continuar. As patas tão fortes e corajosas despencaram em frente à imensa porta de mogno, mas a mente ainda teve forças para emitir um único e agudo miado antes de cair na inconsciência.
_ Pelos Deuses! O quê é isto? – indagou Hotaru.
_ Venha! – disse Setsuna correndo pelas escadas. – Veio da porta da frente!
Outra porta abriu-se da ala dos quartos e dela saíram as senshis de Urano e Netuno com cara de sono. Hotaru passou correndo por elas e com um salto ágil Haruka a fez parar.
_ O quê aconteceu?
_ Não sei. Venha!
As três garotas correram até a porta e pararam aos pés da escada, olhando espantadas para a estranha figura de Setsuna com a gata no colo.
_ Lunna! – murmurou Michiru.
_ Ela está ferida? – perguntou Haruka aproximando-se.
_ Sim e muito. Saturno!
A senshi de Satuno aproximou-se de sua líder e olhou atentamente para a gata da Princesa, e emitiu um suspiro. Não seria nada fácil. Ergueu as mãos sobre o corpo da gata que era uma imensa chaga aberta, fechou os olhos e começou a recitar um mantra, uma suave luz arroxeada começou a envolve-la o símbolo de Saturno apareceu em sua testa. A cor da luz intensificou-se até chegar ao roxo absoluto e do símbolo em sua testa passou para as mãos, quando a luz atingiu seu ápice em intensidade passou para o corpo da gata.
Por alguns segundos as outras senshis não puderam enxergar, quando finalmente conseguiram abrir os olhos viram a gata flutuando, envolta em um casulo roxo e Hotaru de olhos fechados à sua frente. A Senshi de Saturno abriu os olhos que eram dois imensos círculos fulgurantes roxos e o casulo piscou intensamente duas vezes e as feridas da gata foram fechadas, logo depois começou a descer ao chão lentamente. Quando Luna pousou no chão inconsciente, os olhos de Hotaru voltaram a seu estado normal e a gata acordou. As três senshis extasiadas pelo acontecido, demoraram algum tempo para conseguir articular qualquer palavra, como normalmente acontecia, Haruka retomou controle sobre si mesma primeiro e murmurou espantada:
_ Nossa! Vocês andam treinando muito mesmo.
Michiru aproximou-se da gata enquanto Setsuna foi para perto de Hotaru, para ter certeza de que ela estava bem. Michiru ajoelhou-se e perguntou:
_ Você está bem Lunna?
A gata balançou a cabeça em afirmação e olhando para Hotaru disse:
_ Obrigada Sailor Saturn!
_ Disponha Lunna! – murmurou Hotaru debilmente.
_ Aconteceu alguma coisa Lunna? Você foi ferida por algum inimigo? – indagou Haruka.
_ A princesa está bem? – perguntou Setsuna assustada.
_ Usagi está bem Setsuna. Eu me machuquei vindo para cá.
_ Você veio andando? – surpreendeu-se Hotaru, eram mais de 100 km da casa dos Tsukino até a morada das Outhers.
_ Sim, mas isso não importa. Temos uma emergência. Eu não posso avisar as outras... é perigoso demais. Só vocês podem conseguir.
_ Que emergência Lunna? – perguntou Haruka interessada.
A gata olhou para Setsuna fixamente, o símbolo da lua em sua testa brilhou e dele partiu um feixe de luz dourada que atingiu a testa de Setsuna. Quando a luz findou-se os olhos de Setsuna abriram-se em espanto.
_ Quanto tempo? – murmurou com voz rouca.
_ Agora!
Setsuna, ficou alguns instantes imóvel, olhou para a gata e disse:
_ Volte Lunna, sei o quê fazer.
_ Sim! – a gata virou as costas e saiu correndo pela porta.
_ Lunna! – gritou Sailor Pluto.
A gata voltou-se e indagou a senshi com os olhos.
_ Não corra muito. A princesa vai precisar muito de você.
A gata soltou um miado de concordância virou de costas para as garotas e continuou correndo de volta para casa. Setsuna ficou calada, olhando um vazio inexplorado à sua frente. Engraçado como havia tantas coisas que ela não sabia, do fundo de seu orgulho tinha de reconhecer que uma gata sem grande utilidade bélica, possuía sabedoria e coragem superiores as dela. Sendo a senshi de Plutão passara toda sua vida no tempo olhando o nada, sem fazer nada, vira o tempo passar, conhecia o passado e o futuro mas jamais imaginara que só sabia o quê queriam que ela soubesse. Que aquela gata tinha mais iniciativa do que ela e que nunca poderia se conformar com isso. Ela tinha uma única chance. Apenas uma. Sua última chance de fazer algo além de esperar, e não estava preparada para isso e mesmo se estivesse, será que conseguiria?
_ Setsuna!
A voz de Hotaru vinha de tão longe e ainda assim a acordava. Olhou para as outras garotas se ela tivesse previsto isto, poderia tê-las treinado, elas não conseguiriam sozinhas, não haviam tido tempo suficiente. “Meu Deus, a Rainha não pode fazer aquilo!” Seu olhar tornou-se angustiante e ela voltou os olhos para Michiru e Haruka. “Não, elas não conseguiriam, talvez Hotaru, mas elas não. Os elementos jamais entenderiam”.
_ Setsuna, o quê está acontecendo? – a voz de Haruka Tenoh era um misto de agressividade e temor.
_ Nos podemos ajudar. Diga!
_ Pluto! – exclamou Hotaru com a voz extremamente fria.
_ Vocês se lembram de quando estavam procurando os talismãs?
_ Sim. – disse Michiru num murmúrio.
_ Eu jamais poderei esquecer. – completou Haruka.
_ Vocês estavam dispostas a sacrificar vidas humanas para conseguir o Santo Graal, não se importando se essas vidas fossem as suas também não é?
_ Sim.
_ Sacrificaram suas vidas por isso, mas voltaram a vida e depois continuaram a lutar pela paz na terra. Sempre dispostas a tornar a sacrificar-se pelo mundo.
_ Sim Setsuna. Nós sempre fizemos isso. – disse Hotaru começando a ficar preocupada.
_ Mas estariam dispostas a sacrificar suas almas por isso?
_ Almas? – indagou Michiru.
_ Sim, todos os seus sentimentos, sonhos e o poder de seus planetas. Nunca mais haverá sailors senshis em seus planetas, pois com suas star seed o poder morrerá. Se o Milênio de Prata ressurgir algum dia, vocês não estarão aqui para aproveitá-lo.
Haruka sorriu:
_ Eu nunca achei que estaríamos mesmo Setsuna.
_ Isso não é brincadeira Haruka. A partir do momento, que nos tornamos Sailors Senshis, nossas almas tornam-se as almas de nossos planetas, podemos perder a vida e ela ainda existirá. Mas se perdermos a alma nossos planetas nunca mais terão vida. – disse Michiru.
_ E a mágica? – indagou Hotaru preocupada.
_ Ela morre com sua alma. Só haverá o poder do Cristal de Prata.
_ Isto é muito sério Setsuna. Temos que pensar. –disse Michiru.
Haruka riu, Hotaru e Michiru olharam para ela assustadas e Setsuna tristemente.
_ Vocês são muito engraçadas! Acham mesmo que temos escolha? Se não fizermos isso Cristal Tokyo jamais vai nascer e o futuro não será nada parecido com o Milênio. Estou certa Setsuna?
_ Sim Uranu.
Michiru aproximou-se de Haruka e tocou-lhe a mão, a senshi de Urano sorriu e apertou a mão da amiga, Michiru sorriu e disse:
_ Estamos prontas.
Setsuna concordou com uma inclinação da fronte e lançou para Hotaru um olhar interrogativo, recebeu uma afirmação como resposta. Setsuna ergueu a voz e disse:
_ Transformem-se guerreiras!
_ Neptune Planet Power, Make Up!
_ Uranus Planet Power, Make Up!
_ Saturn Planet Power, Make Up!
Depois das senshis transformarem-se Setsuna suspirou e em um murmurou:
_ Adeus Setsuna Meiou. – com um grito terminou. – Pluto Planet Power, Make Up!
_ Setsuna? – perguntou Hotaru.
_ Precisamos ir! Não há tempo.
_ Engraçado isso vindo da Guardiã dos Portais do Tempo!
Setsuna voltou-se assustada, sorriu com voz suava ela disse:
_ Você está certa Urano. Certa! O Tempo será nosso aliado e juiz, seus portais o tribunal e os séculos nossas testemunhas. O passado e o futuro as cenas do crime.
_ Setsuna não. – gritou Hotaru. – Não pode nos mandar para lá.
_ Como? Eu não entendo! – disse Michiru.
Algumas lágrimas rolaram dos olhos de Setsuna e Hotaru gritou de pavor ao vê-las. A garota que fora um dia a Princesa de Plutão e que se tornou a Sailor Pluto, guardiã dos Portais do Tempo, virou-se para suas amigas, uma lágrima escorreu solitária.
_ Não tenho escolha!
_ Estamos prontas Sailor Pluto. – repetiu Haruka.
Setsuna olhou para Haruka e sorriu, fechou os olhos e começou a girar sua lança. O Garnet Orb começou a brilhar e uma luz negra começou a envolvê-la. Ergueu a lança e continuou girando-a sobre si, a luz aumentou tanto que ninguém mais conseguia ver-lhe o rosto. O brilho de uma última lágrima permitiu que as Outers Senshis tornassem a ver o rosto de sua líder pela última vez.
_ Não. – gritou Hotaru, quando a luz negra chegou até elas.
_ Setsuna! – disse Haruka. – Quem são os inimigos?
_ Os elementos. Os quatro elementos...
Uma intensa explosão negra envolveu as garotas e as senshis perderam os sentidos. Uma pontada alucinante atingiu o peito de Setsuna que gritou em agonia, entretanto as outras não podiam mais ouvir. Elas haviam ultrapassado o Quarto Portal do Tempo. O Portal que estaria para sempre fechado para Setsuna.
Plutão, sendo o último planeta do Sistema Solar sempre esteve isolado, suas dimensões são inferiores a de muitos satélites, então sempre pairou a dúvida de por quê ele ter sido promovido a planeta? Os terrestres nunca tiveram resposta para está pergunta, nas últimas décadas fizeram conferências e chegaram ao ponto de querer destituí-lo do título de planeta, mas no fundo eles sempre souberam que aquele era um planeta. Não importando o quão escuro e distante pudesse parecer e mesmo sabendo que ele se distanciava cada vez mais da órbita solar, ele continuaria sendo um planeta. O quê os humanos não sabem é que Plutão foi considerado um planeta por ser o melhor ponto do extremo sol de observação, através dele milhares de inimigos do Milênio foram descobertos e destruídos antes de aproximarem-se demais da Lua. Se Marte é o Planeta da Guerra, Plutão é o campo de batalha mais conveniente, por isto também Plutão nunca foi seriamente povoado. A linha de descendentes de Plutão começou em Caronte, seu satélite, com uma mistura de sangue lunar com o de uma raça pacífica de outra galáxia. A mistura dos genes deu aos seus descendentes a habilidade de voar pelo tempo e com a ajuda da Senshi de Saturno criou-se a caneta do Porder de Sailor Pluto. Nascia Sailor Pluto, a Guardiã do Tempo, a eterna observadora.
Há muitos séculos Plutão estava desabitado, nem guerras haviam ocorrido em seu solo. O planeta estava morto, mas quando recebeu sua senshi tremeu de entusiasmo e novamente estava pronto para servir de campo de batalha para as Guardiãs do Sistema Solar e ele sabia que está seria a última batalha.
_ Onde estamos? – indagou Haruka.
_ Eu não consigo ver nada! – disse Michiru. – Onde está Setsuna?
_ Estamos no Quarto Portal do Tempo! A Porta do vazio! – disse Saturno. – Você não pode enxergar aqui.
_ Setsuna! Onde ela está?
_ Não sei.
_ A Senshi de Plutão não pode mais pisar neste solo sagrado. Ela não é mais digna. – uma voz sem sexo ressoou pelas paredes, diversos ecos seguiram-se pelas mentes das senshis.
Com um terror genuíno Hotaru indagou:
_ Quem é você?
Uma risada aguda ecoou pelo aposento.
_ Você sabe quem eu sou Hotaru! Não se lembra de mim Sailor Saturn.
A voz que antes era tão impessoal, tornou-se rouca e assustadoramente masculina, Hotaru gritou de pavor.
_ Não, você está morto. Eu o matei!
_ Mas minha filha, como pode dizer isso? Lembra-se de mim. – a voz mudara e está era muito conhecida de Hotaru.
_ Papai?
_ Sim, meu vaga lume sou eu.
A luz partiu dos olhos do Professor Tomoe e chegou até a garota, Hotaru sorriu.
_ Senti tantas saudades papai!
A luz iluminou a mão quer era estendida para a garota.
_ Venha minha filha, dê-me um abraço.
Hotaru sorriu e o brilho de seus olhos iluminou o caminho, com um sorriso ela tocou a mão que lhe era estendida. Uma explosão de luz envolveu a garota, Haruka abriu os olhos e vendo o fantasma negro que segurava Hotaru gritou:
_ Não!
A risada sinistra que seguiu o grito fez com que Hotaru abrisse os olhos assustada.
_ Agora ela é minha! Novamente minha!
A figura desapareceu levando Hotaru consigo e deixando, atrás de si um rastro de luz.
_ Saturno!
Michiru olhou em volta e aproximando-se de Haruka perguntou:
_ Quem era?
_ Pharaoh Ninety!
_ Mas como? Ele não foi destruído?
_ Estamos dentro do tempo, aqui ele continua vivo para sempre no passado.
_ Eu não entendo?
_ Nem eu. – murmurou Haruka. – Nem eu.
O espaço do Tempo é um enorme labirinto, com dezenas de portas fechadas e janelas de vidro sem trancas. As portas levavam ao passado, futuro e presente e as janelas apenas mostravam o que acontece, aconteceu ou acontecerá.
A primeira Sailor Pluto possuía o poder de olhar as janelas do presente e abrir as portas do passado, seu poder era limitado mas real, sua única maneira de controlar o tempo era voltando nele, entretanto jamais saberia o quê enfrentaria antes de chegar lá. Afinal todas as vezes que olhava para as janelas, elas estavam opacas. A segunda Sailor Pluto via janelas límpidas e transparentes como o cristal, porém ela não possuía o dom de abrir porta alguma. Com as décadas olhando pelas janelas sua sabedoria cresceu formidavelmente e bastava por si só. A Sailor seguinte, mãe de Setsuna, possuía o dom de olhar pelas janelas e atravessar qualquer um dos portais, seu poder era absoluto e ela foi consumida por ele. A Rainha Serenity percebendo a gravidade da situação, destituiu-a de seu posto colocando a filha em seu lugar, a atual Sailor Pluto. Setsuna podia abrir todos os Portais e olhar pelas janelas do passado e futuro, jamais do presente. A vontade da rainha era que a Sailor Pluto sempre conheceria o futuro, porém jamais saberia com precisão o dia e a hora em que ele ocorreria. Algumas outras regras foram impostas pela Rainha a Setsuna, mas o quê ela jamais soube é que Setsuna atingiu o 4o Portal. Portal que lhe garantia o domínio eterno de todas as linhas temporais. O Portal da Previsão, que lhe permitia descobrir no presente o quê ocorreria, sem precisar olhar em janela alguma. Recebeu o dom da previsão, que nesse dia Setsuna Meioh desistiu levando suas amigas para lá, com a esperança de que elas fossem suficientemente fortes para aprender em alguns instantes a possuir toda a essência de suas almas a fim de doá-las aos elementos.
Haruka e Michiru pensaram que o rastro de luz deixado por Hotaru desapareceria em poucos minutos, foi com espanto que perceberam que o contrário ocorrera. A luz arroxeada tornou-se prateada e de um simples clarão se transformou em um sol fulgurante que iluminava o sombrio Portal.
O Quarto Portal era sem dúvida o maior e mais impenetrável, não vou dizer que o mais sombrio, afinal tudo no tempo é sombrio e obscuro e a intensidade das trevas está nos olhos de quem as vê. Alguns temem o presente ou simplesmente esquecem dele, outros o futuro ou então abominam o passado, uma questão de gosto ou de saber por trás de qual destes portais está o seu fantasma. O Quarto Portal tinha de quatro a cinco metros de altura e era largo, muito largo, um exército poderia passar por ele, mas um exército não poderia abri-lo não existia fechadura, nem paredes onde se apoiar. O Portal era negro, esculpido por traços imemoriais e adornado com gemas de rubi e granada. Rico, belo e assustador, digamos terrivelmente assustador, Haruka e Michiru não puderam evitar o Pânico ao olhá-lo na claridade. Como naturalmente acontecia, Haruka perguntou primeiro antes mesmo de se acalmar:
_ Como se faz para abrir essa porta?
A bela Sailor Neptune abriu os olhos em espanto, sorriu para a amiga e disse:
_ Acho que só Pluto pode abrir!
_ Então não podemos entrar?
_ Nós já entramos Haruka, mas não podemos sair.
_ Isso não faz sentido! Se temos um inimigo tão poderoso para enfrentar porque estamos perdendo tempo aqui?
_ Não sei. Ninguém além da Sailor Pluto sabe algo sobre os Portais do Tempo, talvez Hotaru soubesse, mas ela não está mais aqui.
_ Sim, deve ter sido por isso que levaram Hotaru, para que não descobríssemos.
_ Haruka!
A Sailor Uranus olhou para Michiru, ela estava acostumada a olhar para ela. Há anos sua imagem não saia de sua cabeça, não parava de ouvir o som de sua voz, sua respiração e jamais deixaria de gostar e de ficar esperando a próxima palavra, o próximo sorriso. A próxima vez que Michiru diria seu nome, agora uma dor angustiante transpassava-se pelo seu peito e o comprimia, as lágrimas queriam chegar até seus olhos, mas mais uma vez ela as reprimiu. Michiru não a veria chorar, não agora, não por medo. Por tudo menos por medo, obrigou-se a sorrir e disse a Michiru:
_ Sim!
_ Vamos ficar juntas não é? – apertando o braço de Haruka, Michiru confirmou: - Para sempre!
_ Claro. Juntas para sempre.
A dor sempre foi uma constante para Hotaru Tomoe, sempre sentira uma parcela dela em cada momento de sua vida. A maioria das pessoas teme mais uma pontada no coração causada por um desgosto do que um corte no dedo, desprezam a dor física comparada a dor emocional. Hotaru nunca pensou assim, sempre temerá desesperadamente a dor física, por estar sempre predisposta a ela, e enfrentava com coragem a dor da alma. Acreditava que quando o corpo dói o coração cala, a mente fica atordoada e você deixa de ser uma pessoa para se tornar uma sensação agonizante.
Anos e anos exposta a sucessivas torturas físicas, no princípio brandas e no fim avassaladoras, começou a odiar com todas as forças toda a espécie de dor, buscando na magia a maneira de curá-la. Seu dom de cura Saturniano expandiu-se além de qualquer escala conhecida nos tempos do Milênio de Prata e hoje até poderia salvar vidas com um simples gesto. Mas ver a dor era-lhe insuportável, fugia dela deixando de combatê-la. Sua utilidade como sailor senshi desaparecera, não alcançara todo seu potencial mágico transportando-o para a cura e sem conseguir lidar com a dor interna que a fazia temer a dor externa dos outros, também este dom lhe era inútil. A Mais poderosa das Outhers Senshis era uma garota assustada e completamente inútil.
Frente ao Portal do Futuro Hotaru sentiu medo de continuar, a luz era cegante e queimava-lhe os olhos, que pareciam duas brasas ardentes, e as lágrimas que derramava sobre a queimadura assemelhavam-se ao ácido. Não ela não podia ir adiante, doeria muito e se a luz não queimasse apenas os seus olhos e se queimasse o corpo todo? Não iria resistir a dor.
_ Não eu não posso! – gritou voltando-se e caiu no chão machucando o joelho.
_ Desculpe, você se machucou por minha causa.
A voz era familiar e com esforço Hotaru abriu os olhos:
_ Chibiusa! Você está aqui?
_ Claro, minha casa é logo ali. Mamãe está nos esperando com bolo vamos!
A garotinha de cabelos rosáceos puxou Hotaru pelas mãos e introduziu-a pelo Portal, a garota ainda fez um gesto para voltar, mas a mão da amiga a deteve.
_ Venha! Quero que conheça minha mãe!
Hotaru concordou e entrou com a pequena dama dento do Portal do Futuro e a luz as envolveu por completo.
_ Eu sempre gostei dos seus olhos!
_ O quê? – perguntou Haruka inclinando-se sobre a amiga que estava deitada em seus braços.
_ Eu sempre adorei seus olhos. Quando era menina só tinha bonecas de olhos azuis, sempre quis ter olhos azuis como a água, mas os meus são verdes, sempre tive muita raiva por ter olhos verdes.
Haruka sorriu e disse:
_ Seus olhos combinam com seus cabelos!
Michiru riu baixinho e respondeu:
_ Agora eu não me importo mais! Se você tem olhos azuis é como se eu tivesse também.
_ Claro, eu só sei olhar com seus olhos.
_ Não. Eu quero que me olhe com seus olhos. – Michiru levantou-se e ficou frente a Haruka e murmurou: - Quero que olhe só a mim! - selou o pacto com um beijo suave sobre as pálpebras de Haruka.
Haruka levantou as pálpebras lentamente, por alguns instantes seus olhos estavam cegos com o brilho deixado por Netuno. Sorriu tornando a fechar os olhos e voltando a abri-los, agora, com a visão nítida procurando pela companheira.
_ Michiru! – gritou Haruka. Lágrimas rolaram dos enormes olhos da senshi de Uranu ao não ver mais sua amiga à sua frente.
_ Uma atitude muito corajosa! Não imaginava que a Sailor Neptune fosse assim tão madura.
Setsuna voltou-se e deparou com a figura etérea da Rainha Serenity em sua frente, não poderia deixar de ficar surpresa, mas nada além de uma voz tremula demonstrou o fato:
_ Majestade!
_ Ao que tudo indica Lunna passou o recado.
_ Sim majestade. Mas elas não estavam preparadas e eu precisei...
_ Fez o correto Sailor Pluto. Elas estão mais maduras do que imaginávamos, talvez consigam. Sabe o quê farei se não conseguirem não é?
_ Sei Majestade. Espero que não seja preciso.
_ Eu também Pluto. – dando uma volta pelo planeta. A rainha voltou-se e com voz indiferente perguntou: - Mas e quanto a você?
Os olhos da senshi arregalaram-se e ela fitou-os na rainha, com a voz rouca ainda tremula murmurou:
_ Eu já passei por isso.
_ Sim, mas isso foi há muito tempo. Será que continua preparada Sailor Pluto? Melhor do que ninguém deveria saber que o tempo muda muito as coisas. Acha mesmo que está preparada?
_ Não sei majestade. Mas eu vou tentar com todas as minhas forças.
A Rainha sorriu triunfante, começou a flutuar sobre Setsuna e começou a afastar-se, quando estava a dois metros da senshi voltou-se e disse:
_ Faça isso Setsuna! Vai precisar de todas as suas forças para conseguir. – a rainha Serenity ergueu uma das mãos e tocou o sinal da lua em sua testa, que começou a brilhar e um raio dourado partiu da testa da rainha e correu para a de Setsuna. Atravessou a fronte da senshi e saiu carregando sua caneta de transformação consigo e desfazendo a transformação da senshi.
A Rainha ergueu as mãos, lentamente a caneta flutuou até ela, os olhos de Setsuna brilharam e com um gemido de pavor implorou:
_ Não majestade!
_ Você me desobedeceu Sailor Pluto e por desobedecer ao pacto de lealdade das sailors senshis com sua rainha terá seu posto destituído. – sorrindo a Rainha completou. – Não deveria se surpreender, os portais do Tempo já a repeliram o Milênio faria o mesmo.
_ Majestade! – murmurou Setsuna soltando sua última súplica. – Piedade, minha missão...
_ Terá de cumpri-la como Setsuna Meioh. – a caneta chegou até as mãos da rainha e com um singelo toque despedaçou-se em milhões de pedaços, Setsuna abaixou a cabeça e engoliu o gemido, algumas lágrimas caíram sobre o solo seco de Plutão. Serenity emitiu um suspiro e com um sorriso quase imperceptível elevou a voz no tom imperioso que era natural dos membros da família real. – Porque Sailor Pluto não existe mais.
Setsuna fechou os olhos, o fracasso e o peso de sua culpa caíram sobre ela, o peso de seu corpo era excessivo para suas pernas, juntou um pouco da dignidade que lhe restava e olhou para sua rainha. A Rainha Serenity devolveu-lhe um olhar frio e desapareceu, Setsuna deixou seus sentimentos prevalecerem e caiu de joelhos no solo de seu planeta Natal. E tanto suas lágrimas como seu sangue devolveram a fertilidade antiga ao planeta.
_ Estou sozinha!
Haruka olhou para os lados. Só havia um vazio morbito iluminado com o rastro do brilho das almas de suas amigas. Os gritos de Hotaru e as últimas palavras de Michiru ainda ecoavam por aquelas paredes vazias e continuavam a repetir-se em sua mente, continuamente.
_ Por quê também não fui levada! O quê elas tinham que eu não tenho? Por quê preciso ficar sozinha, eu não gosto de ficar sozinha. Eu sei que está aí, por quê não vem me buscar?
Uma risada cruel seguiu os apelos de Haruka e continuou constante minuto após minuto, as vozes de Hotaru e Michiru misturaram-se a ela; e o quê fora um grito e uma despedida amorosa transformou-se em uma risada companheira e elas continuaram rindo dentro e fora da cabeça de Haruka.
A senshi de Uranu caiu de joelhos no chão tapando os ouvidos com força, o som era ensurdecedor e vinha de sua cabeça e de sua memória, há muito tempo atrás. Começou em um murmúrio e terminou em uma ordem sarcástica gritada pela guerreira dos ventos:
_ Parem! Parem, vocês são muito cruéis e vão pagar por isso!
_ Quem é cruel Haruka? Você não tem amigos, admiradoras como alguém pode ser cruel com Haruka Tenou a Sailor Uranus? – a voz soou cínica, mas era muito conhecida dela; a única que chorava ao invés de rir, a dela aos 5 anos.
_ Elas foram cruéis! Todas elas e eles também riram de mim. Riram todos só porque eu era diferente! Só que eles não perceberam que na época eu não era muito diferente, mas me tornei. Naquele dia eu mudei e fiquei forte e eles nunca mais iriam rir de mim.
_ Se é tão forte assim, por quê ainda os ouve rindo?
Haruka virou a cabeça para os lados e respondeu muito baixo:
_ Eu não sei! Eu já mandei eles pararem, mas não me escutam mais.
Uma porta pequena apareceu na frente de Haruka e dela saiu uma bela menininha de pouco mais de cinco anos, olhos azuis e vestido branco, os cabelos loiros caindo pelos ombros presos com fitas azuis com um rabo de cavalo de cada lado. A menina sorriu para Haruka estendeu a mão e disse para a senshi:
_ Vamos voltar! Lá atrás eles irão ouvir.
Haruka sorriu e de mãos dadas com a menina adentrou pelos portões do Passado.
_ Chibiusa! Espere, onde estamos indo?
_ Ver a mamãe. Vamos Hotaru abra os olhos, precisa olhar para ela.
_ Não posso, eles doem muito. Se os mantiver fechado vão doer menos.
_ De que adianta ter olhos tão bonitos se os mantém fechados? – indagou Chibiusa com um gesto irritado.
_ O quê? – perguntou Hotaru chocada com o tom de voz de sua amiga.
_ Você é uma boba mesmo! Não quero mais ser sua amiga. – a menina gritou e saiu correndo.
_ Chibiusa! – chamou Hotaru. – Não vá! – em um murmúrio. – Você é a minha única amiga.
Algumas lágrimas começaram a rolar pelos olhos fechados de Hotaru, escorriam pela face deixando um rastro de carne queimada por onde passavam. Mas a senshi de Saturno não se importava a dor de seu coração era muito maior. Começou com uma pontada leve, que após atingir seu objetivo cresce, um gélido bafejo de solidão a envolvia, o corpo ficou inteiramente gelado e por fim subiu a mente, uma sensação de existência no vazio, o mundo era-lhe desconhecido só podia avistar a si mesma e a dor a envolvia inteiramente, mas ela não queria mais afastar a dor, porque era a única prova de que ainda estava viva.
_ Enfim entendeu! A dor é parte da vida minha filha. É impossível viver sem sentir dor ou alegria. Como é impossível ser sempre boa, sempre há uma pontinha de maldade, o segredo é nunca deixar que passe de uma pontinha. Estou feliz por ter ensinado isso a você meu vaga lume, torna tudo aceitável. Até o quê te fiz passar.
A voz do Professor Tomoe confortou o espírito de Hotaru que voltou a sentir-se protegida como há muito tempo não se sentia.
_ Sim papai. Mas...
_ Você é mesmo uma covarde, ainda não abriu os olhos!
_ Quem é você? Eu te conheço? Onde está meu pai?
_ Abra os olhos e veja por si mesma. - terminou com um sorriso de mofa. – Vaga lume.
Com dificuldade Hotaru abriu os olhos roxos, como que por encanto a dor desaparecera, olhou para as mãos e elevou-as até o rosto curando-se das feridas das lágrimas anteriores. Levanto então os olhos procurando a mulher que lhe falara a pouco. O salão estava vazio.
_ Estou aqui.
_ Onde? Apareça, por favor!
_ É você quem está pedindo.
Hotaru sentiu um estranho formigamento em seu corpo, sacudiu a cabeça tentando se livrar dele, sem querer seu corpo sacudiu junto. Uma poeira roxa começou a sair dele e começou a tomar a forma de uma pessoa em sua frente, as formas foram se organizando e a figura de uma bela mulher de longos cabelos roxos com uma estrela negra tatuada na testa apareceu em sua frente.
_ Mistress Nine!
A garota riu da confusão de Hotaru, passou as mãos pelos cabelos e olhou para os lados:
_ Que pena, não há nenhum espelho por aqui! Continuo tão bonita como antes? – perguntou a Hotaru com um sorriso maldoso nos lábios.
_ Não pode ser você está morta! – murmurou Hotaru. – Morta!
Mistress Nine riu:
_ Aí, você é muito tola. Eu não posso morrer enquanto você estiver viva. Sou uma parte de você e enquanto viver Hotaru Tomoe eu também viverei.
_ É mentira, eu não sou má.
_ Você demora a aprender mesmo, papai não lhe disse que todos temos uma pontinha de maldade.
Hotaru confirmou com a cabeça.
_ Então eu sou essa pontinha. Mas com o poder do Pharaoh Ninety eu consegui força suficiente para ser mais que uma pontinha. Infelizmente seus sentimentos humanos me colocaram no fundo novamente, mas agora que estou de volta vim para ficar.
Hotaru fechou os olhos e ficou calada. Mistress 9 sorriu vitoriosa e completou:
_ Bem já que ficou calada concorda não é. Agora você decide vivemos juntas no mesmo corpo ou vai virar fantasma por quê sinceramente, não estou disposta a me contentar com essa poeira mágica.
Hotaru continuou calada, levantou a cabeça ergueu as mãos e abriu os olhos seu Silence Glaive apareceu em suas mãos, ajeitou-o próximo do corpo e apontou para Mistress 9.
_ Não pode me atingir, se me matar mata a você também.
_ Silence ... – Mistress 9 arregalou os olhos surpresa e voltou ao corpo de Hotaru com esperança de que lá não seria atingida, a Senshi de Saturno riu, apontou a lança para si mesma e murmurou: - Wall!
_ Não! – Gritou Mistress 9. – Por quê fez isso? Vai morrer junto comigo, não vê que é impossível viver sem mim, você nunca será inteiramente boa é a guerreira da destruição.
_ Não quero viver se tiver você junto a mim. Renego a destruição, a dor, o medo. Minha mágica só vai ter uma cor e minhas mãos só irão destruir a dor!
O ataque chegou ao seu ápice e Mistress 9 gritou em agonia, Hotaru sorria. Não tinha mais medo, seu coração transbordava de certeza, caiu no chão com o corpo todo ensangüentado, sua alegria era tão grande que não sentia a dor, cansada dormiu. Uma luz prateada saiu de suas mãos e envolveu-a em um casulo, quando tornou a acordar estava na frente do Quarto Portal e seu corpo não apresentava mais nenhum ferimento.
O Portal do Presente é o mais lindo e imprevisível de todos, ele nunca está da mesma maneira, muda de cor, de tamanho e de formato a cada novo instante. O mais interessante do Portal do Presente é que ele nunca está fechado, foi pela sua abertura que Michiru entrou pouco depois de deixar Haruka sozinha. O som e a estranha mobilidade a atraíram, sabia que de nada valeria para ela ou para Haruka continuarem juntas se o mundo acabasse, jamais se perdoaria pelo egoísmo.
Michiru sempre gostou das coisas delicadas e eternas e principalmente perfeitas, sempre esquematizou minuciosamente toda sua vida. Seus gestos, seu corpo, suas roupas e sua casa. Tocava violino com maestria, sentindo a música em cada um de seus acordes. Havia duas coisas que Michiru amava com toda sua alma, o som do mar e o do violino, ambos eram melodiosos e únicos e os amava por isto. Amou Haruka porque ela era única e a compreendia, fora a única pessoa com quem conseguira ficar algum tempo parada sem fazer nada e sem pensar. Era um martírio muito grande para Michiru ficar parada sem ter o quê fazer, olhando o tempo passar, ela sempre precisava estar em movimento, pensando no dia seguinte, criando teorias para explicar o mundo e ultimamente seus inimigos. Apesar de ser tão organizada e aparentemente calma sua mente era um turbilhão de projetos e dúvidas que nem ela admitia.
O som misterioso que a atraíra para o portal era o mar tocando a areia com suas ondas, quando chegou ao portal e o atravessou não encontrou o mar, encontrou um lugar parado, haviam vários corredores mas ela não se atreveu a seguir nenhum, não sabia onde dariam, não podia ficar andando ao léu assim, precisava voltar não fora uma boa idéia. Mas não havia como voltar, só podia andar em frente ou ficar parada, as escolhas eram poucas e ela não sabia o quê fazer. Por costume, ficou parada olhando para os lados, esperando o quê poderia acontecer em seguida.
_ Não pode ficar parada para sempre!
_ O quê? Quem está falando? Haruka é você?
_ Você não pode sempre ficar parada esperando Michiru, tem que correr atrás do que quer. Tem que escolher seu caminho.
_ Mas eu não sei qual o melhor?
_ O melhor caminho é o que você vai escolher, porque ele será o único que vai percorrer. Os outros você nunca vai saber porque nunca vai percorrê-los.
_ Mas, por quê eu não posso ficar parada?
_ Por quê se você não escolher um caminho Michiru, ele vai escolher você.
Um dos corredores se precipitou e como em uma escada rolante foi puxando Michiru para si. A garota sentiu um grande alivio, mas a curiosidade imperou e ela perguntou:
_ Mas não seria melhor que o caminho é quem escolhesse quem for andar por ele? Não é mais lógico. Se ele escolheu ele é o melhor.
_ Talvez, mas você nunca vai saber. Só vai saber que não foi você quem escolheu. Nunca escolheu, as lágrimas ou os sorrisos que der, não serão frutos de sua vontade. Não importa o caminho o importante é saber percorre-lo e se você não sabe nem dar o primeiro passo, acha mesmo que vai chegar ao final.
Michiru ficou calada, olhou para seus pés que percorriam o caminho sem se moverem, pareciam dois objetos inanimados, sem vida e vontade própria. Chacoalhou a cabeça:
_ Não? Eu não sou assim? Não sou uma covarde que deixa para os outros as decisões.
Virou-se e começou a correr para o lugar onde estava, mas era muito difícil o chão indicava outro caminho e ela precisava lutar contra ele. Começou a saltar, mas toda vez que caía no chão voltava alguns passos no seu caminho. Lágrimas de exaustão escorriam pelos seus olhos, perdeu o equilíbrio e caiu, mordeu os lábios e disse:
_ Não eu não vou desistir!
Tornou a levantar-se e continuou saltando e correndo, saltando e correndo até chegar ao ponto original, o chão não se movia mais sozinho. Parou exausta colocou a mão sobre o coração que estava acelerado e tentou recuperar o ar, ainda tinha que escolher seu caminho.
_ Michiru? O quê está fazendo aqui.
A Senshi de Neptune ergueu a cabeça procurando a voz que a chamava, levou um susto ao reconhecer o Quarto Portal ao invés do Portal do Presente em sua frente. Levou um susto ainda maior ao encontrar a Sailor Saturn em sua frente olhando-a assustada, sorriu e disse:
_ Eu escolhi meu caminho.
Risadas, muitas risadas, uma após a outra, todas com o mesmo sentido e a mesma cadência, causadas por uma única pessoa. Engraçado uma demonstração de felicidade pode magoar muito uma pessoa, certas risadas ferem com mais força do que um punhal, deixam marcas profundas e cicatrizes eternas. As crianças são as criaturas mais adoráveis da terra, são pequeninas, belas desprotegidas e inocentes. Uma criança é inocente mesmo quando cruel e ninguém pode ser mais cruel do que uma criança, cada apelido, cada risada, cada demonstração do eterno egocentrismo é cruel e inevitável. Qual criança que não riu quando outra caiu, que não chorou de ciúme do irmão e colocou-lhe a culpa por um crime seu. Mas isso passa, sempre passa. O problema é que muitos adultos continuam crianças para sempre, não critico o brincar ou rir, critico a crueldade e o egoísmo de muitos adultos.
Haruka chegou em um parque muito bonito, não achem que ele tinha algo de excepcional ele era bonito como todos os parques, com árvores grandes cheias de galhos onde os meninos subiam e canteiros de flores além de uma grande área de corridas de card, onde os meninos vinham correr com os carros que eles mesmos construíam. Naquele dia havia uma grande corrida, muitos meninos estavam pilotando carros e as meninas de longe gritando e torcendo. Um carro de madeira, branco com listras rosas venceu, quando o motorista todo feliz tirou o capacete uma vaia o seguiu. Uranu fechou os olhos, Deus como se lembrava desse som. A menina que a trouxera para lá, estava ao lado do carro, com um macacão branco de listras rosas como o carro e com os cabelos loiros soltos caindo despenteados pelas costas graças ao efeito do capacete, era uma menininha muito bonita, mas os meninos ao invés de cumprimentá-la tiraram-lhe o troféu e destruíram o carro. Haruka quis impedir, mas seus pés não se moviam estava paralisada, lágrimas silenciosas corriam por seus olhos, mas ela não conseguia fazer nada. Os meninos terminaram seu trabalho e saíram dali rindo, a garota ficou sozinha olhando para as meninas que assistiam tudo indiferentes, deu um passo a frente buscando consolo das amigas , mas só viu costas se virando e as lágrimas saltaram e ela correu para casa.
Daquele dia em diante não foi aceita mais nem pelos meninos, nem pelas meninas, as risadas sucederam as vaias e os apelidos foram se multiplicando, até que ela se mudou, um lugar onde ninguém a conhecia, mas ainda não era aceita, era muito alta e os vestidos não caíam tão bem como nas outras meninas, novas risadas e novos apelidos. Só havia uma coisa que continuava a gostar eram os carros, continuou a construí-los e para ser aceita nas corridas cortou o cabelo, tornou-se forte e bateu naqueles que não a aceitavam. Mas as risadas nunca saíram de sua mente.
Relembrava tudo agora com clareza e com a mesma dor, a menina estava lá com seu vestido branco, fitas azuis no cabelos, mas todos riam, riam. Não agüentando mais o som Haruka aproximou-se e com uma voz imperiosa ordenou as crianças:
_ Parem!
Os rostos voltaram-se para ela assustados, agora era o centro das atenções novamente, os olhos a estudavam com cuidando procurando o apelido mais adequado e as risadas recomeçaram, e o quê eram crianças tornaram-se monstros que começaram a atacá-la de todos os lados. Naturalmente começou a revidar, voadoras, socos seguiam-se por fim apelou aos seus poderes já que os monstros continuavam a atacar e estavam começando a machucá-la:
_ World Shaking!
Uma série de monstros caiu ao chão, mas eles tornavam a levantar-se e atacá-la com ainda mais força e com feixes de energia. Teria que usar seu ataque mais perigoso. Preparou-se e disse:
_ Space Sword...
Um grito a interrompeu, era a menina com lágrimas nos olhos; que gritava, correu até ela olhando em volta qual dos monstros havia lhe atacado. Nenhum deles, eles estavam distantes e ela parada chorando, sem entender Uranu abaixou-se e olhou a menina atentamente e perguntou:
_ Por quê está chorando?
A menina ergueu a cabeça, limpou os olhos azuis com as mãos sujas e com voz chorosa respondeu:
_ Eu não gosto de brigas!
Haruka sentiu o coração e a mente congelarem, os monstros aproximavam-se, queriam continuar lutando, sempre lutando, nunca poderia vencer, sempre seria uma luta perpétua. Com a voz baixa ela disse:
_ Eu também não - erguendo a fronte disse com a voz decidida. - Eu não gosto de lutar! Eu não vou mais lutar!
Os monstros pararam e no lugar deles voltaram as crianças que continuavam a olhá-la com expressão assustada. Haruka sorriu para elas e disse:
_ Não deveriam rir dos outros assim. Ela vai ficar triste, por quê não brincam ao invés de brigar.
Uma menina de cabelos negros respondeu:
_ Ela é estranha, gosta de carros.
_ Qual o problema? Aposto que você também gosta de carros, toda garota gosta. Só que você gosta de passear neles e ela de dirigir. Isso a torna tão diferente assim?
A menina parou e pensou, olhou demoradamente para Haruka e depois para a menina sorriu e disse:
_ Não mesmo! – chegou perto da garota e pegou-a pela mão e perguntou. – Vamos brincar?
A pequena Haruka enxugou os olhos e concordou. A Senshi de Uranu olhou para os garotos e indagou:
_ E vocês?
Os garotos também olharam e disseram para a garota.
_ Desculpe. Mas você ainda é estranha. – e saíram correndo.
Haruka olhou para a menina abaixou-se deu-lhe um beijo no rosto e disse baixinho no ouvido:
_ Não se pode ganhar todas!
A garota riu e correu para brincar com as outras, Haruka ficou parada sorrindo e sem perceber estava de volta ao Quarto Portal na frente de Michiru e Hotaru.
_ Elas conseguiram! – Setsuna sorriu. – Elas conseguiram, vão estar aqui em breve. Temos uma chance!
Michiru correu até Haruka e deu-lhe um abraço, a Senshi de Uranu sorriu ao retribuir. Hotaru disse com voz neutra:
_ Desculpe interromper, mas não temos muito tempo!
Michiru virou-se e riu:
_ Claro vamos sair daqui! Mas será que Setsuna vai vir nos buscar?
_ Não, ela não pode mais vir para cá. Esse lugar é sagrado só a Sailor Pluto poderia vir aqui e nos trazendo ela quebrou seus votos. – disse Saturno.
_ Por isso que você não queria que ela nos trouxesse? – perguntou Haruka.
_ Sim, mas eu confesso que também senti medo.
_ Eu não tenho mais medo e sei o caminho para sair daqui. – disse Michiru.
_ Eu tenho o poder para nos tirar daqui. – completou Hotaru.
Haruka riu e disse:
_ Eu sou o equilíbrio que vai direcionar todas essas forças e iremos cumprir nossa missão.
As três sorriram felizes, nenhuma delas estivera tão feliz antes, juntaram-se e dando suas mão formaram uma pirâmide, com os olhos bem abertos começaram a emitir energia de seus corpos, suas tiaras desapareceram e os símbolos brilharam. Agora, estavam tatuados em sua testa com uma suave luz colorida, a energia foi tomando forma e se unindo, a energia de uma era a de todas e com a união completa das essências de Uranu, Saturno e Netuno criou-se a energia suficiente para tira-las dos Portais do Tempo e a energia de Netuno levou-as como uma imensa onda ao Planeta escuro.
Setsuna Meiou estava parada olhando para os pontos brilhantes distantes, lá longe estava a Terra com sua lua e ainda mais longe o sol, a fonte de tudo. Setsuna sorriu em breve o sol nasceria, seu nascer em Plutão não era nada comparado com o nascer na Terra, ali não passava de um feixe de luz, semelhante a o piscar de uma estrela morta, mas ele mostrava que Plutão ainda era um planeta e que talvez um dia o feixe cresceria e a vida voltaria a nascer. Antes do sol chegaram três raios de luz no planeta, com força superior a qualquer raio solar em Plutão, Setsuna sorriu e foi encontrar suas amigas.
Haruka, Michiru e Hotaru ao pisarem no solo de Plutão, pararam de emitir luz e ficaram ainda na posição inicial olhando uma para as outras. Michiru foi quem primeiro se libertou das mãos das amigas e ficou olhando para os lados:
_ Estamos mesmo onde eu acho que estamos?
_ Sim, sejam bem vindas a Plutão! – a voz de Setsuna era baixa e rouca como sempre fora, mas havia um timbre diferente, uma tristeza unida a sabedoria que faria as senshis tremerem se elas ainda temessem alguma coisa.
_ É bom vê-la novamente Setsuna! – disse Hotaru.
_ Eu digo o mesmo Hotaru, estou muito feliz por terem conseguido.
_ Obrigada pela experiência Pluto. – disse Haruka.
Michiru voltou-se e concordou:
_ Muito obrigada! Mas por quê não se transforma, os inimigos estão chegando?
Setsuna ficou calada. Hotaru falou por ela:
_ Ela não pode. Não é mais a Sailor Pluto, ela traiu o Milênio de Prata e perdeu seus poderes para sempre.
Haruka ficou calada, voltou-se para Setsuna e disse:
_ Eu sinto muito.
_ Precisa sair daqui, não tem poderes para enfrentar o inimigo, vai ser destruída. Saía daqui Setsuna. – disse Hotaru.
Setsuna sorriu lentamente e balançou a cabeça em sinal negativo.
_ Já fez sua escolha não é Pluto? – indagou Michiru.
_ Sim, eu não vou ficar olhando. Nunca mais.
As quatro Sailor Outhers sorriram umas para as outra e concordaram com o quê deveriam fazer. Quatro enormes forças aproximaram-se com velocidade espantosa. Elas não possuíam forma, consciência, apenas energia. Quatro energias distintas e interligadas eram os quatro elementos sagrados, a gênese do Universo e eles pararam em frente as quatro Deusas com corpos de humanos que se colocavam entre eles e o seu sistema.
Os elementos se misturaram ao ambiente, livres de corpos ou forma, eles eram uma espécie de consciência coletiva, quatro forças ligadas eternamente em um ciclo sem fim. O primeiro criava a matéria, cada átomo do universo era criado por ele, o segundo destruía a matéria, era o responsável pela morte e destruição. O terceiro elemento criava a alma, o quarto elemento não era o destruidor da alma porque a alma não pode ser destruída, ele era a sabedoria a mente de todos os elementos e concedia o equilíbrio aos elementos.
As lendas do Milênio de Prata diziam que os elementos eram os criadores, mas ela jamais soube dizer quem os criara e como eles eram, afinal não se pode descrever Deus. As lendas diziam que os elementos tinham um único desejo construir um mundo perfeito, onde todas as formas vivas vivessem em harmonia, não importando se fosse o mais repugnante verme ou a mais delicada das flores, ele seria igual e compartilharia de uma única essência divina, com a qual os elementos poderiam comungar. Naturalmente os elementos nunca conseguiram. A natureza criava diferenças que eles não poderiam compreender, a natureza selecionava os seres que lhe eram mais agradáveis e por serem todos iguais os elementos não podiam compreender isso. Por isso, eles começaram as destruir os mundos que criaram, mas jamais desistiram de seu sonho e continuaram, sempre criando, criando e destruindo num ciclo sem fim.
Com o passar do tempo, os elementos criaram tantas galáxias com tantas estrelas com tantos planetas, que eles levavam um certo tempo para tornar à estrela e perceber se ela estava na forma desejada. Então os Sistemas tinham muitos séculos para se prepararem e quase sempre viviam muito antes de morrer, os elementos nunca encontraram uma única estrela que contivesse esse mundo único, mas encontraram criaturas nesses mundos que possuíam a alma em harmonia com os quatro elementos e que poderiam viver nesse mundo. Os elementos ao reconhecerem essas almas eles as tomavam para si e levavam com eles nessa eterna jornada para que no dia que encontrassem esse mundo essas almas pudessem comungar dele também e como presente à estrela que criara almas ficava intocável até a próxima visita.
Durante os tempos do Milênio de Prata uma dessas visitas aconteceu, os lunares preocupados encontraram uma forma de ludibriar os elementos, ao invés de organizar o sistema que eles visitariam, simplesmente iriam enlouquece-los até o limite da resistência da sabedoria dos elementos e essa loucura duraria tanto tempo que os elementos se veriam forçados a sair dali. Tal prática foi considerada imoral e profundamente prejudicial pelos lunares, porque além de trair os elementos também tornaria a vida das pessoas impossível por muitos séculos. Quatro pessoas ofereceram-se para se sacrificar pelos elementos e na jornada ate Plutão purificaram suas almas até ao limite celeste.
Agora, os elementos voltavam e encontravam perto de si quatro novas pessoas, prontas para entregarem suas almas pela sobrevivência de uma estrela. Os elementos misturaram-se ao ar ambiente, e entraram no corpo das Sailors Outhers pela respiração, olhando cada parte do seu ser, procurando a menor mácula, a menor sombra de preconceito ou medo. A energia dos elementos era uma força incrível e os corpos não agüentavam a pressão interna, a forma de Sailor Senshi era a única maneira de se manterem vivas.
Michiru e Haruka mantinham as mãos entrelaçadas e os olhos perdidos uma na outra, os elementos da criação da matéria e da destruição uniram-se a elas e comungaram num mesmo espírito, e os corpos com as mãos entrelaçadas caíram juntos enquanto suas almas elevavam-se juntas. Hotaru permanecia ao lado de Setsuna, a energia da criação da alma estava por todos seus poros e a dor e a alegria se misturavam, estava consciente e viva, comungando com o elemento deixou o corpo e elevou-se aos céus.
Setsuna sentia toda a sabedoria elementar por seus poros, vistoriando cada átomo de seu corpo procurando impurezas e quanto mais procurava mais os átomos se desmaterializavam, seu corpo era uma explosão de sangue e lágrimas se decompondo. O elemento do controle, pela primeira não podia controlar e nem sabia como guardar para si tamanha alma sem corpo, Setsuna sem conseguir manter-se em pé, caiu de joelhos perto do corpo de Hotaru, abaixou-se e com os lábios vertendo sangue deu um beijo no rosto da amiga, uma luz negra de plutão envolveu-a e ela murmurou:
_ Eu vou sim! – e sua alma elevou-se junto aos outros elementos e o corpo da Sailor Plutão caiu sobre o solo de seu planeta.
O nascer do sol é sempre um espetáculo lindo, principalmente na terra, o astro vai subindo pelo céu e emitindo raios débeis que entram pelas cortinas e acordam as pessoas adormecidas. No quarto de Usagi Tsukino as janelas sempre estão abertas para receber a luz da lua, mas o sol sempre aproveita para despejar seus raios naquele quarto mostrando que um novo dia começou. Hoje com a promessa de um novo dia, os raios do sol trouxeram uma despedida.
Fim
Jamilly
Notas da Autora
Primeiro eu já revisei esse fic um milhão de vezes, mas cada vez que eu leio acho outros erros. Então não se assustem quando encontrarem algum erro de português, se for muito absurdo me avisem, vai ser um grande favor.
Ah, antes que alguém fale esse fic tem alguns erros e vou aponta-los, mas não corrigi-los.
Michiru tem olhos azuis sim e não verdes, mas quando escrevi eu não tinha certeza e achei que eram verdes. Depois que terminei a história achei tão romântico que não quis mudar.
Mistress Nine não é o lado negro da Hotaru e sim uma entidade demoníaca que tomou seu corpo. Bom, quando eu escrevi isso eu não havia assistido a fase S ainda e sempre achei que a Mistress era uma parte da Hotaru por isso acabei escrevendo assim. Poderia ter corrigido, mas achei que explorar o lado negativo de cada pessoa era muito mais legal do que criar uma revolta por ter tido seu corpo invadido por outra pessoa.