PRÓLOGO
Estava anoitecendo, a floresta apresentava suas garras para repelir os
inimigos, os olhos selvagens em meio á escuridão apavorariam a qualquer curioso
despreparado. Uivos e rugidos eram audíveis á quilômetros de distancia da Floresta
Quimérica. No interior do palácio, a rainha Ishtar observava a natureza de seu
jardim, tão belo e selvagem. A Floresta Quimérica era a muralha de defesa do
Palácio Celeste de Gaya. Ishtar era a sacerdotisa mor de Gaya; posta rainha do
palácio pela própria deusa. Mas ela olhava seu jardim, olhava seus guardas
batalhando contra os invasores, seus guardas que eram seus fiéis anjos
centuriões. Como poderiam estar correndo perigo? Ela recebera a missão de guardar
o Palácio Celeste, de proteger a “sala dos espelhos” local onde o tempo e o
espaço eram mantidos em constante equilíbrio e vigilância, mas agora estava tudo
perdido, “O Espelho das Eras” havia sido roubado e os “espectros” estavam atacando
e destruindo seu reino, reino este que ela protegera com amor e devoção desde
as eras mitológicas. Fracassara com Gaya, fracassara com seus fiéis, fracassara
com ela mesma. Seu amante, fiel devoto, a enganara, e por conta desse falso
amor perdera um reino, perdera a vida.
Erídano a manipulara por completo, pensava. Não teria feito tal tolice se não
por amor ao guerreiro. Ela se lembrava das palavras carinhosas do amante, das
carícias, do fogo do amor. Mesmo para ela, era difícil de assimilar que tal
romance fosse falso. Era o fim de seu reinado, o fim dela. O bem sucumbira ás
façanhas, do mal, o universo estava perdido. De algum modo, o qual ela não
sabia ainda, Erídano se corrompera ás forças do mal e roubara o “espelho das
eras” artefato este que servia de guia ao mundo dos deuses. Ishtar ainda aflita
com sua falha decide tomar uma atitude final, ordenou ao guardião mais próximo
que chamasse seu general mais devoto e fiel, quando de repente, o mesmo
atravessa a entrada do salão principal arremessado à ponta-pé de seus
adversários. Sim definitivamente era o fim, sua ultima esperança era salvar seu
amigo, mas este já estava incapacitado.Então seu ultimo suspiro fora enviado
por sua guardiã e protetora.
O cavaleiro da ordem estelar, Merik, estava na “sala dos espelhos” quando os
inimigos atacavam o salão da rainha, instintivamente, ele toma um dos espelhos
em seus braços, e foge do castelo quebrando toda a vidraça da janela. “Merik
era magro e esguio, levava pouco jeito para combates, seu maior dom era a
mágica da natureza. Ele era o encarregado do cultivo da Floresta Quimérica”. Ao
despencar da sacada da galeria, desviando dos inimigos ele adentra a Floresta
Quimérica e some na mata, sem pensar mais ele ergue o espelho refletindo a luz
do luar de volta ao castelo de Ishtar. Sim, truque muito audaz do guerreiro. O
espelho que ele tomara da sala era o “espelho de Eón”, tão logo refletiu a
imagem da lua no castelo, ouve um silencio pesado e sufocante, o vento parou de
soprar, as ondas do riacho que envolvia o castelo pararam de se deslocar,
guerreiros que combatiam contra os espectros ficaram imóveis, os espectros que
tentavam avançar para o interior do castelo cessaram sua marcha. Merik iluminou
a tudo que pode com a luz da lua refletida no espelho, a rainha Ishtar que
estava no interior de seu salão principal faria um ultimo movimento, mas teve
seus olhos iluminados pelo luar e foi paralisada pelo espelho de “Eón”. “O
espelho de Eón”era também chamado de espelho de “Cronos”, tudo que era
iluminado pelo espelho era posto em pausa eterna, até que o mesmo refletisse
novamente as luzes da lua. Num suspiro anestesiado, Merik recuperou seu fôlego,
e correu para longe,onde poderia esconder seu artefato até que encontrasse
ajuda. Escondeu o espelho numa caverna que havia atrás de uma cascata nas
proximidades do reino de Gaya. Lembrando-se das palavras de seu mentor ele
cavou com as mãos um buraco no solo da gruta desenterrando uma caixa com (X)
pingentes cada um com uma jóia rara que era extraída das cavernas de minério do
reino. Puxou de sua sacola um livro onde recitou palavras de uma língua muito
antiga dos alquimistas, então uma luz muito forte envolveu a gruta fazendo
assim surgir um vórtice prismático diante do cavaleiro, ele então arremessou os
pingentes e pedindo ajuda aos deuses orou até que fosse tragado pelo portal...